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Natural

Não posso decidir o impossível
Claro que o errado é sempre suposto
Indeciso faço o verossímel
Contudo realizo, misturo o sufoco

Declaro o simples fato da humildade
Quando percebo que não consigo fingir
Desço pra trás com toda verdade
Olho pro chão e não consigo subir

Olhares limitam o meu ego
Duvidando da força da psicologia
Que pode transformar um deus em flagelo
Reinventar a maior da teoria

Não sabem em que súbito encontram-se
Que olham para as vidas alheias
Não conseguem reparar e limitam-se
Depressa não forçam, e as sinapses tonten-a-nas

Mas vejo que o rio flui naturalmente
Saudades sinto quando vem o cotidiano
Preciso de grafias que saiam sobriamente
Para com o desejo de concluir mais um plano

Leafar

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Revolução da Cidadela

Quando a cidade dormiu
E as luzes se apagaram
Em minha vista surgiu
O que minhas mãos tatearam

Em uma busca insensata
Quanta alegria me invadiu
Quando tive entre os dedos
Os restos do sistema que faliu

Ao degustar o sabor da resistência
Acompanhado de doses de cachaça
E de liberdade em sua essência
Quão bela é a coincidência

Que nos trouxe a esse encontro
Embasado na lei da indecência
Permeando de poesia e de encanto
De liberdade e de transgressão
Plantando neste quarto
As sementes da Revolução

Ibaf Araksay

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Duplicidades

O losango que acabei de colar
Foi o descuido do meu olhar
Que de tão emblemático
Reflete o seu ser a encharcar

Na atmosfera desse quadrado azul
O mundo inteiro ficando mudo
Só o que ouço são seus olhos a piscar
Tentando me enquadrar no escuro

Com o som da poesia azul
Reconheço sua ingênua ação
Posso incitar minha verde escalibur
A cortar sua alma com paixão

De repente a madrugada bate à porta
E a hora passa insignificante
Porque as palavras estão certas em linhas tortas
Mesmo que nós estejamos estanques

GTA
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Título sem gosto

Sentado em cima do floral roxo
Sentindo as vibrações do seu quarto
Meu aparelho audível tão frouxo
Acorrenta sua cultura de fato

Toques e desejos estão a solta
Ainda temos muito para iniciar
Poderíamos começar com a boca
Que tem tanto para apreciar

Somos anarquistas de berços polidos
Pela cultura de nosso país
Que foi incutida por míseros políticos
Sem saber 1 cm na frente do nariz

Nessas palavras loucas e insanas
Somos poetas mastigados pela boca
De possas que apreciam formas profanas
Que coleta nossa vivência tão solta

Segure em nossa curiosidade infinita
De sabores e tons submersos
A nossa linda leve vida bonita
Navega no sexo do mundo com o universo

Leafar
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Torpor de Uva (Por Oicaroh)

Anoitece, e com a noite vem o vinho
E com o vinho vem o riso dos amigos
Que se reúnem alheios ao perigo
Que essa amizade possa despertar
A amizade, a treva e um lar
Há um refúgio secreto e modesto
E eu sei que num gesto muito presto
O parafuso esquecido e indigesto
Abre a rolha sublime de um bom vinho
Nesta noite não canta um passarinho
Nem sequer desabrocha uma flor
O poeta não diz "vem, meu amor"
E nem há suicidas na janela
Mas eu digo que a lua é mui bela
Que passeia quando em quando na janela
E há três copos de negro esplendor
São como ovos gestantes de desejo
Seu conteúdo retinto eu bem vejo
Nos presenteia com intenso torpor
Se eu pudesse diria "meu amor
Me espere
Não vá, que eu vou agora"

Oiracoh

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Primeira manhã pós (Por Oicaroh)

Repentina e naturalmente fomos atraídos
Para uma comunhão perfeita de vontades
E a sutil indiferença, na verdade
Encobria um desejo secreto de se nos darmos.

E esta ilha semanal que nos consome
De trabalhos, fadigas e outros controles
Tão hipócritas quanto necessários
Agora já não é de todo tão maçante

Um hodierno quilombo se levanta
(e o que é mais irônico e engraçado, vejam só!)
Se situa bem perto da senzala
Moderna, limpa, clara e Financeira.

Temos as noites, também as madrugadas
E pelo dia, sorrisos tão alegres,
Furtivos e até plenos de cumplicidade
Somos uma quadrilha bem organizada
Sem chefes, mentores nem patrão
Enganamos a Força e a Direção
Nas herméticas trocas de olhar

A ideia tão trina quanto antiga
De um por todos e todos por algum
Prevalece em cada bom detalhe
Protegemo-nos das forças repressoras
Que não poupam esforços nem olhares
Uma pedra batida na janela
Vem salvar o horário da donzela
Nossa Dora*, a líder aclamada...

Oicaroh
(*Capitães de Areia, JÁ)

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Amar Materno (Leafar Poesias)

O toque doce das mãos delicadas
Repassa o calor maternal que seduz
O fluido da mágica das fadas
A criança é mimada no berço de luz

Tantas Marias professoras da natureza
Que passam horas e o tempo que precisar
Para cuidar da alma com doçura e sutileza
Se precisar enfrenta o mundo e o azar

Só pensam em moldar os inocentes
Querem o melhor para o futuro olhar
Dar limites e cercar as suas mentes
De algo tão sublime que me faz chorar

A mãe é vida pura no nosso interior
Usa a curiosidade do seu filho maduro
Para aprender a ensinar o “obrigado” e o “sim senhor”
Pois no exterior o ensinamento é escuro

Minha mãe é fiel a mim no limite do céu
Que amamentou o ser que me tornei
Agradeço a pedra angular o seu fel
Que na ultima linha a poesia criei

Leafar
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Puro Ser (Leafar Poesias)

A ponta do sonho realça o suor
A curva do olho ameaça o réu
Uma liberdade aposta na sorte sem dó
Para contudo pilotar um carrossel

Ruínas que reinam na esplanada
São as mesmas do futuro da sorte
Que deixa absurdo Rei de calçada
Aponta o cheiro do azar e da morte

O quente flutua a libido suar
É a forma que trajeto o drama
Controla o antigo velho milenar
A razão vulgar sabiamente apanha

O rebanho segue forte e esbelto
A rota marcada controlada e algoz
Esfumaçando antagônicos ágios expressos
No caminho perdido da luz veloz

Secretas firmes mensagens a sós
Interpreta o ideal puro e estoico
Uma ponte eu liga a mente de dois sóis
Ilumina a verdade do interesse filosófico

Leafar
 
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Labor (Leafar Poesias)

O elo que liga os sentidos
É o mesmo que me faz sonhar
A vitrine que expõe os mendigos
É a mesma que me faz pensar

A vida é doce para algumas pessoas
O labuto é tudo o que a sociedade tem
A ignorância abriga teorias boas
E leva você a um novo labirinto também

Certo é a força da comunicação eficaz
Queremos sobreviver inundado de ideologias
Vestimos a nossa carapuça no capataz
Que persegue com prazer nossas ações do dia-a-dia

 A atitude tem que ser criada passo a passo
O processo é lento, puro, claro até demais
Basta uma dose de cachaça do mel de baixo
Para incitar a alma sobreviver um tempo a mais

O pacato monótono pensamento do ser
É quando pensa lento a ação comandada
Torna a vida menos salgada proceder
Açoitando o burro que leva tua enxada

Leafar

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Extinto Só (Leafar Poesias)

Quem gostaria de escutar
Quem gostaria de ouvir?
O sono profundo brotar!

O que te faria chorar?
O que te faria sorrir?
O modo moribundo orar!

Uma silhueta amarela aquela
Um martírio zombando aurora
Sintetiza a origem absurda
A mulher sentida calada muda

Um vento inflando num peito
Grotesco é o seu roncar
Aproveita a ira do momento
Trazendo a tudo atanazar

Simples, delicada e bela
Num sopro arrisca a ação
Leva a comida no prato
E de sobejo seu coração

Leafar

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Pseudo Flor (Leafar Poesias)

As flores são fáceis de comparar
As mentiras são fáceis de criticar
Os bosques são cheios de flores
Os pensamentos com verdades podres

A flor é mentira cheia de amor
A paixão é verdade seja onde for
O desejo é ardente e velho
O amor é o mais lindo e singelo

Leafar
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Riação Orgulhosa (Leafar Poesias)

É perto das doze da noite
Parte de mim uma vontade de pensar
Parentes, amigos, família é uma lista no ar
Encontro a verdade relativa na voz
Escuto e percebo que tomarei a ação veloz

Todos nós temos uma centelha flamejante
Todos nós sabemos de algo a mais importante
Procuremos na ação a inovação
Acharemos no pensamento a absoluta opção

Somos capazes de tudo por todos
Vivemos no meio de loucos
Somos mascarados e hipócritas
Sabemos encenar num teatro de idiotas

Acima de tudo queremos a paz
Repetir o plano desistir jamais
A linha é torta porque o olho é torto
Se olho pro final fico louco

A linha é tênue e a máxima é moral
O ser humano é dono e idolatra
Cria ideia que pode ser fatal
Mas o orgulho é o que mais importa

Leafar
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Trato Abstrato (Leafar Poesias)

Um abstrato correndo pro alto
Saindo do fogo quebrando no mato
Foi a semente que desce agora
Sumindo de maneira irrisória

Furação de idéias e pensamentos
Desatinando as relmas do vento
Sacrificando com luto de graça
O homem que chorava na praça

Bichos escondidos por trás e voraz
Utilizando sobras, entulhos ancestrais
Maquiagem de crítica hipócrita
Salientando a lombra torta

Tintas, suor e muita ação
Pare, pense e mais emoção
A vida leve é muito mais
Semente no vento se renova a paz

Sentimento de sentidos concretos
Denotam literais mui arquitetos
Bangalô de rosas pra ti
Pura abstração me faz sentir

Leafar
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